quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Tempo de mudanças.

Era uma vez um homem,
que caminhava sem destino pelas estradas dessa vida.
Num certo dia encontrou uma pintura de tela,
muito suja, encardida pela exposição demasiada ao tempo.
Parou, pegou-a nas mãos e ficou ali,
admirando e tentando entender o que eram aqueles maravilhosos traços.
Abriu sua mochila, tirou um pano
e começou a tentativa de tirar um pouco daquela sujeira impregnada sobre a imagem mas,
por mais que tentasse, pouco conseguira.
Embrulhou a tela e colocou-se a caminho novamente,
só que agora tinha uma companhia estranha e curiosa.
Andou...andou... até que chegou a beira de um belo riacho,
de águas limpas e claras.
Tomou um bom gole dela,
sentou-se agora sob uma sombra e desembrulhou a tela...
Agora mais tranquilo,
percebeu tratar-se de uma mulher,
de traços marcantes, de pele muito branca que chegava quase iluminar,
apesar da sujeira que sobre ela estava.
Pegou o pano, molhou levemente e então,
começou a passar suavemente na imagem...
Uma imagem que aos poucos foi se mostrando bela;
foi se mostrando colorida e isso foi motivo de deslumbramento
pois era sim um lindo rosto,
desses que raramente se vê.
Por receio de estragar a pintura,
pois estava molhada agora, embrulhou-a novamente,
levantou-se e seguiu em frente até que anoiteceu
e achou que era hora de descansar.
Logo adormeceu
e em seu sonho surgiu uma mulher na forma de um lindo anjo,
que lhe sussurrou palavras de carinho...
palavras de esperança... palavras de amor...
mas também lhe sussurrou palavras de mudanças em seu estado interno
porque assim como ele estava,
não poderia viver um grande romance,
pois nunca o entenderiam e por mais sincero e verdadeiro que fosse,
sempre ficaria só porque as pessoas não acreditam mais nesse sentimento...
perderam a fé...
Logo após essas palavras, se foi...
deixando uma suave brisa que o fez acordar e perder o sono...
Ao amanhecer, tomou nas mãos a tela
e percebeu que toda aquela escuridão retornara sobre a imagem e pensou:
"Mas como pôde isso?
Limpei boa parte e está agora como antes?"
Pegou novamente o pano e começou a passar,
um pouco mais forte,
retirando um pouco mais daquela coisa que insistia em querer permanecer ali.
E assim foi, por dias, caminhando,
limpando, mas sempre amanhecia suja outra vez só que,
o homem era paciente e sempre tentava, mas sem sucesso.
Numa determinada noite,
aquela mesma mulher em forma de um lindo anjo,
surge em seu sonho e lhe diz:
"-Você é um bom homem...
merece uma recompensa pela paciência
e carinho com que se dedica a cuidar dessa imagem.
Por perceber que por trás dessa sujeira,
há uma pureza encantadora, como nunca se viu.
Você só precisa entender que sua pureza e simplicidade
também precisa ser lapidada e cuidada,
para que possas finalmente encontrar seu destino
e encerrar sua caminhada de incertezas!
Será preciso entender e aceitar o fato de que
sua alma agora é única e fora de moda para os tempos atuais...
As pessoas não querem mais isso...
não querem mais voar...
não querem mais sonhar...
E sua maneira de ser assusta as pessoas
e fazem com que não acreditem em suas palavras...
em seu coração...
Ajuste isso em você... se reserve...
liberte suas palavras sobre um papel
e as guarde como um tesouro pois um dia,
alguém irá encontrá-las e saberá que existiu um homem assim...
É chegada minha hora de partir...
Boa sorte... acredite em você e no que carrega na sua alma!
O homem acordou num salto
e viu que ainda era noite alta
mas que sentia um perfume delicado que tocava seu rosto!
Podia sentir!
Olhou para o céu, lua muito branca de brilho intenso.
Então, desembrulhou sua companheira tela
e abraçou-a como se já fizesse parte dele e assim,
entendeu que como aquela pintura, estava também sua vida,
cheia de sonhos amarelados e encardidos,
por nunca ter se permitido limpar
apesar das constantes tentativas,
pois nunca entendera o motivo do fracasso no amor...
Respirou profundamente e novamente olhou para sua tela,
percebendo o quanto terá que trabalhar para que seu amor já escolhido desperte
e venha em sua direção, com confiança,
sem medo, sem vergonha do passado
mas com muita esperança de que o presente
abra os caminhos para um futuro de felicidade!
E foi assim,
com esses pensamentos e abraçado à tela,
que adormeceu novamente;
só que agora com um motivo para acordar!

Ari Custódio.
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