quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Meu pai!!!


Faz tempo que tento escrever algo sobre você meu pai.
Lembro-me do tempo de infância que tinha você como um herói, assim como todos os pais que amam seus filhos e brigavam com os amiguinhos, dizendo que o meu pai era o melhor.
Muitas lembranças tenho mas as mais marcantes foram a do dia em que enfiei o pé na roda da sua bicicleta e torci o tornozelo e você(rsrs), chorou pois havia quebrado uns raios e a mãe reclamou pois deveria chorar por mim e não pela bicicleta e quando eu, brincando de pular fogueira, as chamas estavam altas e queimei os cabelos(pouca coisa) e levei um tabefe na cabeça (rsrsrs), dos passeios no clube dos Portuários, etc... Tempos maravilhosos esses.
O tempo foi passando e aprendi a vê-lo em suas fragilidades e nas faltas de brincar no chão com a gente mas mesmo assim, estava ali presente do teu jeito.
Reportando-me à educação que tiveste, me é agora mais fácil compreender a tua inabilidade em demonstrar afetividade pois vinha de uma família numerosa e pobre.
Conforme o senhor mesmo dizia, meu avô era um homem rude e seco no que se referia aos filhos pois, sempre no sustento da família, sobrava-lhe pouco tempo para os muitos filhos.
Infelizmente não o conheci, a não ser através de fotos mas, tenho a certeza de que os amava, da maneira dele.
O tempo foi passando e fomos ficando mais amigos e por muitas vezes, sentamos no sofá e conversamos sobre vários assuntos e dava-me conselhos e exemplos dos tempos em que era moleque e da liberdade que tinham naqueles tempos.
Pode parecer estranho mas, guardo até hoje os poucos ensinamentos que me passou, nos momentos em que estávamos a sós.
Nunca nos negaste nada do que estivesse ao teu alcance, apesar de todas as dificuldades da vida, imposta na parte material e isso, foi uma lição para mim.
Houve momentos de turbulência em família e lembro-me que fiquei com muita raiva de tí mas, minha mãe, com toda a sua sabedoria e paciência que parecia não ser dela, me disse que a luta não era minha e sim dela e alí, lembro-me que chorei muito e então, passei a vê-lo com olhos de filho...de um filho que ama o seu pai, assim como ele é.
Lembro-me também que numa tarde em que a mãe não estava em casa,ignorando o meu comportamento em relação a tí, me pegaste pela mão e conduziu-me a garagem.
Não sei explicar o que houve naqueles instantes...
Lembro-me apenas do calor do teu abraço... da tua voz pedindo-me perdão por não ser o pai que eu tanto desejava mas que o seu vício, era terrível e não conseguia controlar-se e se não fosse a mãe, estaria perdido há muito tempo e a amava por tanta paciência que tinha com ele então, perguntei-lhe se nos amava a todos de verdade e você disse que nos amava com muita força no coração e não sabia como demonstrar.
Abraçamo-nos fortemente e senti alí, o super-homem que era, na tentativa de se superar, no apoio de um braço forte que era a minha mãe!
Mais de 30 anos se passaram e já caminhamos tanto em nossa relação.
Compreendo que mesmo no silêncio dos teus lábios, acompanhavas-me.
Talvez entenda-te tanto porque me veja em tí.
Emudecer diante da dor ou da extrema alegria são características nossas.
Alguns chamam isso de indiferença ou orgulho. Nós sabemos que não.
Aprendi depois daquela tarde, que amá-lo sem aquela armadura que o via vestindo tornou-se muito mais fácil.
Um herói de carne e palpável a todos nós, que o amamos incondicionalmente.
Obrigado meu papai ARY por todo o carinho e amor guardado por nós!! TE AMO!!!


Ari Custódio.

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